Confesso que Belleville não estava em minha lista de livros ou que em um primeiro momento eu olharia para ele e o compraria. Não mesmo! Não foi um daqueles livros que me chamou atenção ou que eu sempre desejei ter em minha estante. Foi um "acidente". Por acaso.
Sabe aquele momento em que você olha para algo e por algum motivo desconhecido tem vontade de ter? Ou que por um momento de desatenção acaba comprando? Foi um pouco isso. Tudo bem... li a sinopse do livro e achei "legalzinho"... Uma coisa deixo bem claro aqui: Gosto do gênero policial! Romances policiais me atraem! Investigação, deduções, detetives, psicólogos criminais! Essa é a minha "praia", Belleville não....
Mas, como eu disse anteriormente algo me fez comprá-lo, além de achar a sinopse parecida com uma de um filme que vi ha algum tempo, "A casa do lago". Enfim, comprei sem grandes pretensões... Até eu pegá-lo essa semana para ler.... até eu virar a última página.
Belleville é uma daquelas histórias que você passa dias lembrando, é suave, doce, mágico, beira ao inocente. É aquele livro que você a princípio não dar nada por ele, mas com o passar das páginas vai prendendo a sua atenção e o seu coração. Belleville me conquistou por inteiro.
A história desafia tudo o que acreditamos como real e possível e talvez por isso é que nos fascine tanto. É irreal. Mágico. Louco. Apaixonante!
A história se passa em Campos do Jordão em dois período distintos: 1964 e 2014. Um sonho. Uma montanha-russa. Um amor que começava.Cinquenta anos os separavam. Anabelle e Lucius se comunicavam por cartas, o que é algo improvável nos nossos dias atuais onde a informação e comunicação é instantânea. Eles se falam só e unicamente por cartas e eles nunca se viram, mas moram na mesma casa.
Lucius não sabe quem é Anabelle a conheceu por meio de uma foto achada entre livros, mas está apaixonado por ela e decidido a passar por cima dos seus sonhos e projeto de vida para realizar o sonho da sua amada. Anabelle nunca viu Lucius apenas o conhece através das cartas que troca com ele, mas o amava intensamente. Anabelle tinha o sonho de terminar o projeto do seu pai.... a construção de uma montanha-russa no quintal da casa. O pai de Anabelle faleceu antes de ver seu projeto se concretizar e ele tornou-se o sonho da única filha. Anabelle não sabia como realizar o sonho até conhecer, Lucius. Lucius iria se formar em Matemática, até conhecer Anabelle. Lucius tinha 20 anos. Anabelle 17. O que haveria de errado nisso além de que montanhas-russas não são construídas no quintal de casa?
Anabelle estava com 17 anos em 1964. Luciu tinha 20 anos, morava na mesma casa que Anabelle e trocava com ela cartas. Lucius estava em 2014.
Felipe Colbert escreveu uma história cheia de surpresas e que prende o leitor a cada página, as cartas são atrativos a mais para prender mais e mais a nossa atenção. Ficamos ansiosos para saber a resposta, os sentimentos deles e nos divertimos com as diferenças apresentadas nas duas epócas distintas. Quem iria adivinhar em 64 que haveria algo como a internet? Anabelle a chamou de "a grande enciclopédia" e Lucius achou graça desse termo.
A leitura é prazerosa, leve e mágica. Torcemos por aquele casal improvável, nos emocionamos com a determinação de Lucius e o sofrimento de Anabelle diante de um tio monstruoso. Desejamos ver Belleville finalmente construída! Mas acima de tudo entramos na história e nos imaginamos vivendo aquela situação tão inusitada. E em época em que o amor está se tornando algo tão banalizado e desacreditado, Belleville vem e nos diz: Ei, acredite, o amor está aqui.